Em tempos de recessão, com recursos cada vez mais escassos, sobretudo no setor público, imagine se o Brasil pudesse construir 28 mil escolas de Educação Básica, a um custo de R$ 2 milhões cada unidade? Cada estado poderia comemorar mais de 1037 escolas para os cidadãos. E se o Governo Federal, em reposta a crise crônica no sistema de saúde, pudesse anunciar recursos par a construção de 1800 novos hospitais para o país, custando R$ 30 milhões cada – o que daria mais de 66 hospitais por estado computando-se os 26 estados e o Distrito Federal? Tudo isso poderia ser realidade se a violência no trânsito não “sequestrasse” todo ano esses recursos para pagar os custos das mortes e tratamentos das vítimas e sequelados nas vias.
E essa conta alta não para aí. O Brasil perdeu com a violência no trânsito em 2014 (último ano com os dados consolidados de mortes no trânsito pelo SUS), 56 bilhões de reais, o correspondente a todo o repasse de recursos do Governo Federal para a região Norte (sete estados: Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins), mais estados do Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás. Se considerarmos os últimos 5 anos de dados disponíveis, esse montante chegaria a quase 250 bilhões de reais, o equivalente a: 125 mil escolas, ou mais de 8 mil hospitais.
Desse total de mortes, em 2014, por exemplo (ano com informações mais recentes disponíveis), cerca de 1/3 concentra-se em apenas 3 estados brasileiros: São Paulo (7032), Minas Gerais (4396) e Paraná (3076). Há de se ponderar, no entanto, que estes também são os estados que concentram parcela significativa da população e frota no Brasil. Ao analisarmos índices de acidentes, percebe-se que a situação é muito mais crítica nos estados do Piauí (taxa de mortes por 10 veículos igual a 13,62), do Maranhão (taxa de mortes por 10 veículos igual a 13,19) e de Alagoas (taxa de mortes por 10 veículos igual a 12,33).
A data foi instituída em 1993 pela Road Peace, uma organização do Reino Unido, em prol das vítimas de acidentes rodoviários; e, em 2005, adotada pela ONU – Organização das Nações Unidas – para mobilizar países de todo o mundo para lembrar essas vítimas e também conscientizar sobre os prejuízos de toda ordem com os acidentes rodoviários. De acordo com a ONU, mais de 1,3 milhão de pessoas morrem em acidentes de trânsito por ano, em todo o mundo.
Probabilidade de mortes nas vias
Outros paralelos também podem ser feitos com esses prejuízos. Em tempos de intenso uso das redes sociais, tendo o país 99 milhões de usuários do facebook, nos próximos cinco anos (2016-2021), seis dos seus amigos do facebook perderão a vida; ou serão sequelados de forma permanente; ou, ainda, sofrerão com a perda de alguém para a violência no trânsito. Essa conta foi feita considerando que cada pessoa tenha 200 amigos no facebook. Se forem 300 amigos, seriam 9 vítimas. 400 amigos, 12 vítimas. 500 amigos, 15 vítimas. Só pra caso queiram complementar.
Com esse apanhado de dados, o OBSERVATÓRIO quer alertar a sociedade que o somos todos vítimas da violência no trânsito; e a conta a pagar por isso é muito alta. De acordo com o presidente, José Aurélio Ramalho, há uma penalização em série com a violência no trânsito: somos punidos com as perdas das vidas, com as perdas emocionais, com os prejuízos/custos dos acidentes. “Perde a sociedade, perde a saúde, perde a educação, perdem os programas sociais que poderiam ver os prejuízos no trânsito serem transformados em investimentos para as mais diversas necessidade da população brasileira”.
Para engrossar a lista de comparações, Ramalho cita que tudo que o Brasil gasta, por exemplo, com o Bolsa Família, poderia ser triplicado, se os R$ 56 bilhões de gastos com a violência no trânsito fossem usados nesta área”.
Ele esclarece que a adoção dessa ação, que tem como slogan “Somos todos vítimas”, no Dia Mundial das Vítimas de Acidentes de Trânsito, inclusive com a mesma hashtag, busca quantificar as enormes perdas do trânsito para toda a nação. Os esforços para essa conscientização vão estar focados nesta primeira etapa do trabalho na imprensa em geral e nas mídias sociais, sites, facebook e twitter. O objetivo é ressaltar esses comparativos, comprovando que a prevenção não é só economia, mas fonte de recursos para outros investimentos.
Os reflexos negativos dos acidentes, lembra Ramalho, não afetam apenas as famílias dos vitimados, mas toda a sociedade (por isso, o #somostodosvítimas). Os acidentes precisam deixar de ser vistos como fatalidade e, sim, como ocorrências que podem (e devem) ser evitadas. “O trânsito no Brasil está doente. E todos nós temos de nos envolver na busca de outro cenário, ou seja, na cura para este mal”, ilustra.
Fonte: Portal do Trânsito
Nenhum comentário:
Postar um comentário